sábado, 24 de novembro de 2007
Teia
O peso do silêncio
Ouço o silêncio
como nunca o houvera ouvido
Pesa-me o silêncio
sensação que nunca houvera tido
O volume do silêncio
no máximo da altura
reforça o peso do silêncio
no ruído da amargura
Silêncio de voz
ausência de palavras
desencontro de nós
lavoura sem lavras
E o silêncio ruidoso
cada vez mais pesado
torna-se ruído penoso
deste fado não cantado.
JRocha
como nunca o houvera ouvido
Pesa-me o silêncio
sensação que nunca houvera tido
O volume do silêncio
no máximo da altura
reforça o peso do silêncio
no ruído da amargura
Silêncio de voz
ausência de palavras
desencontro de nós
lavoura sem lavras
E o silêncio ruidoso
cada vez mais pesado
torna-se ruído penoso
deste fado não cantado.
JRocha
segunda-feira, 19 de novembro de 2007
Os fios ... e os laços ... e nós
elementos da mesma rede
que se alimenta da sede
de nós e dos laços
e em que os laços em nós
se convertem
e revertem
em mais nós em mais laços e em mais fios
Os fios ... os laços ... e nós.
JRocha
que se alimenta da sede
de nós e dos laços
e em que os laços em nós
se convertem
e revertem
em mais nós em mais laços e em mais fios
Os fios ... os laços ... e nós.
JRocha
Mais Cores deste Outono
Falsas uvas tintas
de um serôdio fim de Verão
nem com o som agudo das requintas
passais além de fraca imitação
do fruto a que alguém já chamou pão.
de um serôdio fim de Verão
nem com o som agudo das requintas
passais além de fraca imitação
do fruto a que alguém já chamou pão.
Paleta (quase) monocromática
de mil matizes e tons de verde
atitude de altivez aristoctática
de quem aprumadamente se ergue
e nem à força dos ventos se vergue.
de mil matizes e tons de verde
atitude de altivez aristoctática
de quem aprumadamente se ergue
e nem à força dos ventos se vergue.
De écharpe descaída do ombro
lá está ela, aprumada e elegante,
causando furor, ou mesmo assombro,
a todo o cavalheiro petulante
que a mire com olho galante.
lá está ela, aprumada e elegante,
causando furor, ou mesmo assombro,
a todo o cavalheiro petulante
que a mire com olho galante.
domingo, 18 de novembro de 2007
Cores deste Outono
segunda-feira, 12 de novembro de 2007
Retrato de Viagem "à la minute"
Partir e chegar
objectivo primeiro
mas de permeio
há o estar
acompanhado
do leituras
acomodado
das rendas
atarefadas
boas prendas
mãos de fadas.
A conversa
vai-se fazendo
sem pressa
e o outro absorto
não está nessa.
As agulhas
automaticamente
mexendo
remexendo
e o diálogo
vai acontecendo
no decurso da viagem
à margem
de qualquer catálogo.
O leituras
ora direito
ora torto
lê compulsivamente
e a eito
pairando nas alturas
rindo disfarçadamente
como é seu jeito.
Chegada a Contumil
arrumar das letras
pontos? mais de mil
feitos e refeitos!
mais jeitos e trejeitos
e …caras ou caretas?
objectivo primeiro
mas de permeio
há o estar
acompanhado
do leituras
acomodado
das rendas
atarefadas
boas prendas
mãos de fadas.
A conversa
vai-se fazendo
sem pressa
e o outro absorto
não está nessa.
As agulhas
automaticamente
mexendo
remexendo
e o diálogo
vai acontecendo
no decurso da viagem
à margem
de qualquer catálogo.
O leituras
ora direito
ora torto
lê compulsivamente
e a eito
pairando nas alturas
rindo disfarçadamente
como é seu jeito.
Chegada a Contumil
arrumar das letras
pontos? mais de mil
feitos e refeitos!
mais jeitos e trejeitos
e …caras ou caretas?
domingo, 11 de novembro de 2007
sábado, 10 de novembro de 2007
Sonhando com Estrelas
Foi um sonho que eu tive:
Era uma grande estrela de papel,
Um cordel
E um menino de bibe.
O menino tinha lançado a estrela
Com ar de quem semeia uma ilusão;
E a estrela ia subindo, azul e amarela,
Presa pelo cordel à sua mão.
Mas tão alto subiu
Que deixou de ser estrela de papel.
E o menino, ao vê-la assim, sorriu
E cortou-lhe o cordel.
Miguel Torga
Era uma grande estrela de papel,
Um cordel
E um menino de bibe.
O menino tinha lançado a estrela
Com ar de quem semeia uma ilusão;
E a estrela ia subindo, azul e amarela,
Presa pelo cordel à sua mão.
Mas tão alto subiu
Que deixou de ser estrela de papel.
E o menino, ao vê-la assim, sorriu
E cortou-lhe o cordel.
Miguel Torga
S. Martinho ... S. Martinho de Anta
S. Martinho ... S. Martinho de Anta (associação espontânea de ideias), terra-natal do Poeta que encanta porquanto fortaleza com singelas ameias que não defendem nem escondem a inquebrantável integridade, aliada à mais sublime simplicidade e, com a confissão assumida da sua própria fragilidade.
Miguel Torga, nascido no ano de 1934, "filho primogénito" de Adolfo Correia da Rocha, que o gerou com a idade de 27 anos.
Confissão/Declaração: De alguma coisa me hão-de valer as cicatrizes de defensor incansável do amor, da verdade e da liberdade, a tríade bendita que justifica a passagem de qualquer homem por este mundo.
(Miguel Torga, Diário, Coimbra, 9 de Dezembro de 1993)
Miguel Torga, nascido no ano de 1934, "filho primogénito" de Adolfo Correia da Rocha, que o gerou com a idade de 27 anos.
Confissão/Declaração: De alguma coisa me hão-de valer as cicatrizes de defensor incansável do amor, da verdade e da liberdade, a tríade bendita que justifica a passagem de qualquer homem por este mundo.
(Miguel Torga, Diário, Coimbra, 9 de Dezembro de 1993)
S. Martinho
S. Martinho: Castanhas e Vinho
«O S. Martinho, como o dia de Todos os Santos, é também uma ocasião de magustos, o que parece relacioná-lo originariamente com o culto dos mortos (como as celebrações de Todos os Santos e Fiéis Defuntos). Mas ele é hoje sobretudo a festa do vinho, a data em que se inaugura o vinho novo, se atestam as pipas, celebrada em muitas partes com procissões de bêbados de licenciosidade autorizada, parodiando cortejos religiosos em versão báquica, que entram nas adegas, bebem e brincam livremente e são a glorificação das figuras destacadas da bebedice local constituída em burlescas irmandades. Por vezes uma dos homens, outra das mulheres, em alguns casos a celebração fracciona-se em dois dias: o de S. Martinho para os homens e o de Santa Bebiana para as mulheres (Beira Baixa). As pessoas dão aos festeiros. vinho e castanhas. O S. Martinho é também ocasião de matança de porco.»
(in As Festas. Passeio pelo calendário, Fundação Calouste Gulbenkian, 1987)
sexta-feira, 9 de novembro de 2007
quinta-feira, 8 de novembro de 2007
Arranjar tempo
Arranjar tempo para isso ... para isto... para aquilo ... para aqueloutro ... é uma constante das preocupações diárias dos elementos da sociedade actual.
O tempo converteu-se num objecto de necessidade e de desejo, numa ânsia/angústia colectiva. Mas onde arranjar este "bem" tão pretendido, ou até mesmo, disputado?
- Na verdade, é óbvio, é clarinho como água, é uma evidência que preciso de mais tempo do que tu!
Será que as leis do mercado também já entraram neste domínio (eminentemente íntimo - sim, cada um é que sabe do tempo que sente necessidade) e, pelo volume da procura já não existe oferta, portanto, de produto esgotado não se faz comécio?
Mas, nesta lógica, a indisponibilidade do produto é a negação da existência do produto. Ou seja, o tempo, em si mesmo, não existe.
Ou será que o tempo não passa duma fantasia colectiva transformada, individualmente, em oportunidade de viver ou em negação da própria vida, invocando sempre a sua escassez?
- Na verdade, é óbvio, é clarinho como água, é uma evidência que preciso de mais tempo do que tu!
Será que as leis do mercado também já entraram neste domínio (eminentemente íntimo - sim, cada um é que sabe do tempo que sente necessidade) e, pelo volume da procura já não existe oferta, portanto, de produto esgotado não se faz comécio?
Mas, nesta lógica, a indisponibilidade do produto é a negação da existência do produto. Ou seja, o tempo, em si mesmo, não existe.
Ou será que o tempo não passa duma fantasia colectiva transformada, individualmente, em oportunidade de viver ou em negação da própria vida, invocando sempre a sua escassez?
domingo, 4 de novembro de 2007
sábado, 3 de novembro de 2007
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