domingo, 30 de março de 2008

Um Episódio para Discussão Pública

Contou-me um amigo que, na passada sexta-feira, quando assistia a um Concerto, presenciou a seguinte cena, pouco depois do início do espectáculo e após ter sido advertida a assistência de que "... durante a sessão não é permitida a utilização de telemóveis ..."
Ao toque estridente de um desses aparelhos, seguiu-se:
"Estou ... estou ... não consigo ouvir nada ... estou ... agora não posso ... estou num Concerto ... está a ouvir? ... estou ..."
.
A cena foi interrompida por um diligente funcionário da casa que, sem qualquer pejo, tirou violentamente o telemóvel ao espectador, abriu apressadamente a janela mais próxima e vigorosamnete arremessou o aparelho pela dita janela.
O sucedido posteriormente é indescritível, mas entre a confusão, a barafunda, os bofetões trocados entre os contendores e as facções que entretanto se formaram, foi possível ouvirem-se exclamações/interrogações/afirmações, tais como:
"Mas onde é que estamos!?" ... "O homem tem razão ... então isso faz-se? ... "Paguei o bilhete foi para assistir comodamente ao espectáculo, não para isto!" ... "O telemóvel é meu ... comprei-o com o meu dinheiro, ora essa!" ... "Que falta de respeito!" ... "Isto é inadmissível ... onde já se viu ... tirar o que não é dele e depois atirá-lo assim!?" ... "Quem quer ser respeitado, tem que respeitar." .... " O direito à propriedade já não existe ... é?" ... "A regra foi anunciada, quem não cumpre ... olha!" ... "Quem é ele para pensar que é autoridade?" ... "As regras são para ser acatadas e não desrespeitadas!" .... "Quem vai pagar o prejuízo ao homem ... que ficou sem o telemóvel?" ... "O problema não é meu, mas que isto não se faz ... não se faz!" ... "O que não se faz é atender telemóveis num espectáculo!" "Chamem o gerente porque isto não pode ficar assim!" ... "Afinal de contas de que lado é que você está?"..."Do lado dele que trabalha aqui há muitos anos e representa o dono da casa!" ... "A polícia? ... Devia estar aqui ... A polícia nunca está onde e quando faz falta!"
Os mais sensatos, entre eles viam-se os músicos que entretanto se sentiram obrigados a interromper a actuação, conseguiram separar os grupos desavindos.
No canto mais próximo do lugar do meu amigo, embora noutro tom, a conversa continuou.
"Quero o meu telemóvel imediatamente!" ... "Acalme-se eu vi tudo ... sou sua testemunha ... o senhor só atendeu o telemóvel e veio logo aquele bruto e fez o que fez ... isto não tem jeito nenhum." ... "Não estejas para aí com coisas ... o homem só fez o que tinha a fazer ... estava dito .... estava dito ... quem o mandou deixar o telemóvel ligado e ainda por cima atender?" ... "E quem é aquele sujeitinho para tirar o telemóvel?" ...
O Concerto estava desconsertado. Ouviu-se finalmente o anúncio: "Senhoras e senhores, não há condições para prosseguir o espectáculo. Queiram dirigir-se à bilheteira e, mediante a apresentação do bilhete o seu custo ser-vos-à restituído. Boa noite".

Está aberta a discussão. Façam o favor de se pronunciar, argumentando.

Para isso, basta clicar em Comentários e preencher os campos da "janela". Não é obrigatória a identificação, pode se utilizado o anonimato ou o pseudónimo. Só não serão publicados os comentários com recurso a vocabulário menos próprio.

5 comentários:

Anônimo disse...

"É possível mudar as nossas vidas e a atitude daqueles que nos rodeiam simplesmente mudando a nós mesmos." (Rudolf Dreikurs)

Estamos todos (todos é a Sociedade) perante uma crise de valores éticos e morais, tensos, cansados... sem respeito pelo outro. "Só recebe quem dá", já dizia a minha AVÓ.
Ponte de Lima

Anônimo disse...

Infelizmente quase todos nós já assistimos a cenas destas. Acho que os valores que a sociedade transmite aos cidadãos, passa constantemente nos mais variados meios de comunicação social.
Somos constantemente confrontados com actos inaceitaveis de representantes da nossa sociedade sem que exista quaquer tipo de responsabilização por esses mesmos actos, " olhem para o que eu digo e não para o que eu faço". Principalmente para os jovens esta falta de coerencia é extramamente prejudicial.
Muitos apenas reclamam os seus direitos esquecendo-se dos seus deveres.

Anônimo disse...

Infelizmente quase todos nós já assistimos a cenas destas. Acho que os valores que a sociedade transmite aos cidadãos, passa constantemente nos mais variados meios de comunicação social.
Somos constantemente confrontados com actos inaceitaveis de representantes da nossa sociedade sem que exista quaquer tipo de responsabilização por esses mesmos actos, " olhem para o que eu digo e não para o que eu faço". Principalmente para os jovens esta falta de coerencia é extramamente prejudicial.
Muitos apenas reclamam os seus direitos esquecendo-se dos seus deveres.
Margarida Alves (BRAGA)

Anônimo disse...

Estamos a chegar a um extermo na nossa sociedade em que para alguém respeitar alguém tem que se ser "fisicamentalmente" robusto, muitas vezes a verdade é imposta sem que a tentemos perceber, sem que tenhamos noção da necessidade da existência de regras...perdemos o valor daquilo que é uma boa conversa...porque se vive do imediato...e tudo são imagens...e toda a gente opina sem ter vivido...

mdsol disse...

Falta de educação
Gente malcriada
Atitude extrema do "segurança" decerto por já não aguentar o desrespeito.
Tal como no caso do Carolina...
As pessoas não se sabem comportar de acordo com a especificidade das situações. Decerto tem a ver com o facto de praticamente se usar roupa sempre semelhante...Dantes vestia-se roupa de ir à madrinha e roupa de ver a Deus e talvez esse fardamento por fora para ocasiões especiais despertasse umas sinapses adequads ao comportamento adequado... O funcionário (tal como a prof...) exagerou. Só que a professora tem uma relação no tempo com os alunos e tem obrigação de a construir em termos pedagógicos adequados, saber que não se compete entre desiguais ( a partir do momento que sacar o tlm à aluna não resolve, deveria ter-se posto a andar...mas antes disso não devia ter uma turma sem fazer nada enquanto um dos alunos repetia o teste que ela tinha perdido... O funcionário deveria ter agido de um modo menos extremista...Ou seja:
no caso do carolina as culpas da situação ter acontecido são repartidas entre alunas e prof...no caso do concerto a culpa é só de quem atende o telefone. O remedeio da situaçãoé mau em ambos os casos
Ufa....saíu de enfiada e a esta hora da noite não vou corrigir...
:)