domingo, 20 de junho de 2010

OBRIGADO, José Saramago

Não ao Desemprego
...
O que se está a passar é, em todos os aspectos, um crime contra a humanidade e desde esta perspectiva deve ser analisado em foruns públicos e nas consciências. Não é exagero. Crimes contra a humanidade não são apenas os genocídios, os etnocídios, os campos de morte, as torturas, os assassinatos selectivos, as fomes deliberadamente provocadas, as contaminações massivas, as humilhações como método repressivo da identidade das vítimas. Crime contra a humanidade é também o que os poderes financeiros e económicos, com a cumplicidade efectiva ou tácita de os governos, friamente perpetraram contra milhões de pessoas em todo o mundo, ameaçadas de perder o que lhes resta, a sua casa e as suas poupanças, depois de terem perdido a única e tantas vezes escassa fonte de rendimento, quer dizer, o seu trabalho.


Dizer "Não ao Desemprego" é um dever ético, um imperativo moral. Como o é denunciar que esta situação não a geraram os trabalhadores, que não são os empregados os que devem pagar a estultícia e os erros do sistema.


Dizer "Não ao Desemprego" é travar o genocídio lento mas implacável a que o sistema condena milhões de pessoas. Sabemos que podemos sair desta crise, sabemos que não pedimos a lua. E sabemos que temos voz para usá-la. Frente à soberba do sistema, invoquemos o nosso direito à crítica e ao nosso protesto. Eles não sabem tudo. Equivocaram-se. Enganaram-nos. Não toleremos ser suas vítimas.

José Saramago


OBRIGADO, José Saramago


Resulta muito mais fácil educar os povos para a guerra do que para a paz. Para educar no espírito bélico basta apelar aos mais baixos instintos. Educar para a paz implica ensinar a reconhecer o outro, a escutar os seus argumentos, a entender as suas limitações, a negociar com ele, a chegar a acordos.
Essa dificuldade explica que os pacifistas nunca contem com a força suficiente para ganhar ... as guerras.
José Saramago

OBRIGADO, José Saramago

Poema à boca fechada

Não direi:
Que o silêncio me sufoca e amordaça.
Calado estou, calado ficarei,
Pois que a língua que falo é de outra raça.

Palavras consumidas se acumulam,
Se represam, cisterna de águas mortas,
Ácidas mágoas em limos transformadas,
Vaza de fundo em que há raízes tortas.

Não direi:
Que nem sequer o esforço de as dizer merecem,
Palavras que não digam quanto sei
Neste retiro em que me não conhecem.

Nem só lodos se arrastam, nem só lamas,
Nem só animais bóiam, mortos, medos,
Túrgidos frutos em cachos se entrelaçam
No negro poço de onde sobem dedos.

Só direi,
Crispadamente recolhido e mudo,
Que quem se cala quando me calei
Não poderá morrer sem dizer tudo.

José Saramago

OBRIGADO, José Saramago


Deus é o silêncio do universo e o homem o grito que dá sentido a esse silêncio.
José Saramago

quinta-feira, 3 de junho de 2010

O Retratista - Instrumentos

O Retratista

Manuel Alegre à Presidência


Um rosto
um pensamento
uma palavra

LIBERDADE

Sobre esta página escrevo
teu nome que no peito trago escrito
laranja verde limão
amargo e doce o teu nome.

Sobre esta página escrevo
o teu nome de muitos nomes feito água e fogo lenha vento
primavera pátria exílio.

Teu nome onde exilado habito e canto mais do que nome: navio
onde já fui marinheiro
naufragado no teu nome.

Sobre esta página escrevo o teu nome: tempestade.
E mais do que nome: sangue. Amor e morte. Navio.

Esta chama ateada no meu peito
por quem morro por quem vivo este nome rosa e cardo
por quem livre sou cativo.

Sobre esta página escrevo o
teu nome: liberdade.

Manuel Alegre

domingo, 25 de abril de 2010

25 de Abril - Chegar Aqui


Portugal
O teu destino é nunca haver chegada
O teu destino é outra índia e outro mar
E a nova nau lusíada apontada
A um país que só há no verbo achar.

Manuel Alegre

25 de Abril ... SEMPRE


Ah! quanto te desejo cravo vermelho
de um vermelho humano
Ah! quanto te desejo vermelho
de um vermelho fraterno
Ah! quanto te desejo vermelho
de um vermelho eterno.

Ah! quanta esperança na Poesia
com cheiro a terra e a maresia
com cheiro a gente
de gente que sente
o pulsar e o querer
de um mundo de gente
com vontade de vencer.

JRocha



domingo, 7 de março de 2010

Dia Internacional da Mulher

Clara Zetkin (1857-1933)
Mulher que, em 1910, na 1ª Conferência Internacional de Mulheres, realizada no âmbito da Internacional Socialista, realizada em Copenhaga, em 1910, propôs a instituição de um Dia Internacional da Mulher.
No dia 19 de Março do ano seguinte, o Dia internacional da Mulher foi celebrado a 19 de Março, por mais de um milhão de pessoas, na Áustria, Dinamarca, Alemanha e Suíca.
As comemorações, no Ocidente, ocorreram nas décadas de 1910 e 1920 e só foram revitalizadas com o Movimento feminista da década de 1960.

domingo, 28 de fevereiro de 2010

domingo, 31 de janeiro de 2010

31 de Janeiro de 2010 - Porto

"Integridade
decência
independência
coragem"
...
"Serei candidato por Portugal
e pela necessidade de dar uma nova esperança
à democracia portuguesa".

Manuel Alegre

31 de Janeiro de 1891 - Porto

Proclamação da República
varanda da Câmara Municipal do Porto
Ataque da Guarda Municipal aos revoltosos
entrincheirados na Câmara Municipal
Revoltosos condenados ao degredo,
no Vapor Moçambique

sábado, 30 de janeiro de 2010

Abril em Abril

Era um Abril de amigo Abril de trigo
Abril de trevo e trégua e vinho de húmus
Abril de novos ritmos novos rumos.

Era um Abril comigo Abril contigo
ainda só ardor e sem ardil
Abril sem adjectivo Abril de Abril.

Era um Abril na praça Abril de massas
era um Abril na rua Abril a rodos
Abril de sol que nasce para todos.

Abril de vinho e sonho em nossas taças
era um Abril de clava Abril em acto
em mil novecentos e setenta e quatro.

Era um Abril viril Abril tão bravo
Abril de boca a abrir-se Abril palavra
esse Abril em que Abril se libertava.

Era um Abril de clava Abril de cravo
Abril de mão na mão e sem fantasmas
esse Abril em que Abril floriu nas armas.

Manuel Alegre

domingo, 24 de janeiro de 2010

As mãos

Com mãos se faz a paz se faz a guerra
Com mãos tudo se faz e desfaz.
Com mãos se faz o poema - e são de terra
Com mãos se faz a guerra - e são a paz.

Com mãos se rasga o mar. Com mãos se lavra.
Não são de pedra estas casas mas
de mãos. E estão no fruto e na palavra
as mãos que são o canto e são as armas.

E cravam-se no tempo como farpas
as mãos que vês nas coisas transformadas.
Folhas que vão no vento: verdes harpas.

De mãos é cada flor cada cidade.
Ninguém pode vencer estas espadas
nas tuas mãos começa a liberdade.

Manuel Alegre

Pensamento

Meu pensamento
quebrou amarras
partiu no vento
deixou guitarras
meu pensamento
por onde passa
estátua de vento
em cada praça
...
Foi à conquista
de um novo mundo
foi vagabundo
contrabandista
foi marinheiro
maltês ganhão
foi prisioneiro
mas servo não
...
e os reis mandaram
fazer muralhas
tecer malhas
de negras leis
homens morreram
estátuas ao vento
por ti morreram
meu pensamento

Manuel Alegre

domingo, 17 de janeiro de 2010

Letra para um hino

Letra para um hino

É possível falar sem um nó na garganta
é possível amar sem que venham proibir
é possível correr sem que seja fugir.
Se tens vontade de cantar não tenhas medo: canta.

É possível andar sem olhar para o chão
é possível viver sem que seja de rastos.
Os teus olhos nasceram para olhar os astros
se te apetece dizer não grita comigo: não.

É possível viver de outro modo. É
possível transformares em arma a tua mão.
É possível o amor. É possível o pão.
É possível viver de pé.

Não te deixes murchar. Não deixes que te domem.
É possível viver sem fingir que se vive.
É possível ser homem.
É possível ser livre livre livre.

Manuel Alegre

Portugal

Portugal

O teu destino é nunca haver chegada

O teu destino é outra índia e outro mar

E a nova nau lusíada apontada

A um país que só há no verbo achar.


Manuel Alegre, Chegar Aqui

Mas há sempre uma candeia ...


Mas há sempre uma candeia
dentro da própria desgraça
há sempre alguém que semeia
canções no vento que passa.

Manuel Alegre

sábado, 16 de janeiro de 2010

A CULTURA à PRESIDÊNCIA


As coincidências
a Literatura
o Republicanismo
...

as Artes - 7
as cores do arco-íris - 7
os dias da semana - 7
...

Manuel Alegre à Presidência

domingo, 10 de janeiro de 2010

quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Poema

Nascimento
Inovação
Renascimento
Renovação
Vitória da luz
sobre a escuridão
Solstício de Inverno
Mutação
Natureza-mãe-luz
Calor materno.

JRocha

A título de "Despedida de Ano"


sábado, 26 de dezembro de 2009