quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Arranjar tempo

Arranjar tempo para isso ... para isto... para aquilo ... para aqueloutro ... é uma constante das preocupações diárias dos elementos da sociedade actual.
O tempo converteu-se num objecto de necessidade e de desejo, numa ânsia/angústia colectiva. Mas onde arranjar este "bem" tão pretendido, ou até mesmo, disputado?
- Na verdade, é óbvio, é clarinho como água, é uma evidência que preciso de mais tempo do que tu!
Será que as leis do mercado também já entraram neste domínio (eminentemente íntimo - sim, cada um é que sabe do tempo que sente necessidade) e, pelo volume da procura já não existe oferta, portanto, de produto esgotado não se faz comécio?
Mas, nesta lógica, a indisponibilidade do produto é a negação da existência do produto. Ou seja, o tempo, em si mesmo, não existe.
Ou será que o tempo não passa duma fantasia colectiva transformada, individualmente, em oportunidade de viver ou em negação da própria vida, invocando sempre a sua escassez?