domingo, 21 de outubro de 2007

Liberdade

Liberdade - coragem de ser o que se é.

Solta os teus sentidos
dá-lhes plena liberdade
escuta o olhar comunicativo que te chama
vê a palpitação quente
que te invade
cheira o sabor gostoso
de quem te ama
tacteia o calor fervoroso
dos corpos despidos
dá sentido à existência dos sentidos.

JRocha

Hino ao Amor

Vamos viver a vida
paremos e façamos amor
nesta mata florida
junto à toca do grilo cantor
Cada um dá tudo o que tem
até mais não poder ser
em contacto com a terra-mãe
que a tudo dá o ser
Rebolemo-nos na folhagem
no lençol de musgo humedecido
façamos uma viagem
ao paraíso prometido
Que os corpos no final
sujos, suados, partidos
pela união carnal
com amor, se mantenham unidos.

JRocha

Outono indolente

Outono letárgico e lânguido

Outono folhoso

Outono de brisas suaves e frescas

Outono luminoso

Outono com fortes contornos de Verão

A força da Natureza no Outono

Maçã da Eva

Fruta de todas as épocas

Desassossego

Em hora de sisuda e intelectual lucubração
quantas vezes se torna inane o pensamento?
quantas outras o desejo lascivo turva o discernimento?
e, os sentidos, então, retiram sentido à razão.
Navega-se então na malícia por rios sonhados de impudicícia
sentindo-se activadas dentro do corpo
as lavas lascivas dum activo vulcão
nunca inerte, nunca morto,
antes ardendo em fogo-paixão.
Torna-se o corpo irrequieto, impaciente,
arde-se em temperatura quase febril
com respiração ofegante de doente
desejo ardente, querer pueril.

JRocha

Estar vivo

Morre lentamente quem não viaja,
quem não lê, quem não ouve música,
quem destrói o seu amor próprio,
quem não se deixa ajudar.

Morre lentamente quem se transforma em escravo do hábito,
repetindo todos os dias o mesmo trajecto,
quem não muda as marcas no supermercado,
não arrisca vestir uma cor nova,
não conversa com quem não conhece.
Morre lentamente quem evita uma paixão,
quem prefere o "preto no branco" e os "pontos nos is"
a um turbilhão de emoções indomáveis,
justamente as que resgatam brilho nos olhos,
sorrisos e soluços, coração aos tropeços, sentimentos.

Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz no trabalho,
quem não arrisca o certo pelo incerto atrás do sonho,
quem não se permite, uma vez na vida, fugir dos conselhos sensatos.

Morre lentamente quem passa os dias queixando-se da má sorte
ou da chuva incessante, desistindo de um projecto antes de iniciá-lo,
não perguntando sobre um assunto que desconhece
e não respondendo quando lhe indagam o que sabe.

Evitemos a morte em doses suaves, recordando sempre que
estar vivo exige um esforço muito maior do que o simples acto de respirar.
Estejamos vivos, então!
Pablo Neruda